História da Igreja

Bartolomeu de las Casas (1474-1566)

 

Bartolomeu de las Casas nasceu em Sevilha. Seu pai, amigo de Colombo, fez parte da segunda viagem às Antilhas em 1493. Depois de terminar seus estudos em Salamanca, chegou a Santo Do­mingo em 1502 e participou de várias expedições sob as ordens de Nicolau de Ovando. Foi premi­ado por seu trabalho com uma encomienda, e se iniciou como doctrinero dos índios. Em 1512 or­denou-se sacerdote, talvez o primeiro da Améri­ca, para participar em 1513 da conquista de Cuba.

O ano de 1514 marcou o giro copernicano da vida e da atuação posterior de Bartolomeu de las Casas. No famoso sermão do 15 de agosto, anun­ciou que devolvia sua missão e sua reserva de índios ao governador. Convencido de que era inú­til defender os índios, estando tão longe, em 1515 voltou à Espanha, onde encontrou o apoio e a aju­da do cardeal Cisneros. O plano para a Reforma das Índias foi fruto dessa viagem. Nomeado sa­cerdote-procurador das Índias, embarcou nova­mente para a América em 1516.

Desde então, Bartolomeu de las Casas assu­me a causa dos índios. No ano seguinte, volta para a Espanha e apresenta-se diante do imperador Carlos V, que em 1519 aceita o projeto de Las Casas para “criar as comunidades livres”, com­postas de índios e de espanhóis, para criarem jun­tos uma nova civilização na América. Volta para a América em 1520 para experimentar o fracasso desta primeira tentativa em Santo Domingo. Em­bora fracassado como sacerdote e como reformador social, não abandona a luta. Em 1523 ingressou na Ordem de São Domingos, onde es­creve a História apologética, que serviria como antecipação e introdução de sua grande obra, a História das Índias que, por sua própria vontade, só se publicaria depois de sua morte. A História é um relato de todo o ocorrido nas Índias tal e qual ele viu e ouviu; porém, mais do que uma simples crônica, caberia melhor defini-la como uma in­terpretação profética, já que se trata da exposição do pecado da dominação, da opressão e da injus­tiça com que os europeus tratavam os índios re­cém-descobertos.

Junto a essa História, que antecipa para a Espanha os castigos que sobreviriam, deve-se colocar as três cartas que enviou ao Conselho das Índias (1531-1535). Nelas acusa concretamente pessoas e instituições do pecado de opressão so­bre os índios, sobretudo através do sistema de encomiendas. Sua situação incômoda diante dos que ofereciam as missões e das autoridades não o impediu de escrever O único modo, obra em que estabelece a doutrina da evangelização pacífica dos índios, e trata de implantá-la ajudado pelos dominicanos numa região da atual Costa Rica.

Novamente na Espanha, escreveu em 1542 a Brevíssima relação da destruição das Índias, onde expõe e delata a atuação dos conquistadores: “A razão pela qual os cristãos mataram e destruíram tão infinito número de almas é que foram arrasta­dos pelo anseio do ouro e pelo desejo de se enri­quecer em muito pouco tempo”. Desde então, Bartolomeu de las Casas parece ter recebido seu prêmio. Carlos V assinou Leis Novas das Índias, nas quais introduziu um novo direito no regime das encomiendas. Las Casas foi nomeado bispo de Chiapas e, em 1544, embarcou novamente para a América com 44 missionários dominicanos. Já em 1545, redigiu os Avisos e regras para confes­sores de espanhóis, em que proibia absolver aque­les que retivessem índios em suas missões. Isto provocou o desagrado dos colonos e governado­res, que mais uma vez o obrigaram a abandonar seu posto para voltar à Espanha em 1547. A par­tir daí, a batalha de Bartolomeu de las Casas per­manecerá no Conselho das Índias e na confronta­ção com os intelectuais e teólogos, principalmente com Juan Ginés de Sepúveda. Las Casas conti­nuou escrevendo livros, folhetos, memoriais, tes­temunhando assim sua inquebrantável determi­nação de deixar por escrito seus principais argu­mentos em favor dos índios da América. Aos 90 anos completou mais duas obras sobre a conquis­ta espanhola na América. Morreu em 1566, no convento de Nossa Senhora de Atocha de Madri.

A vida de Bartolomeu de las Casas gozou sem­pre de sorte diversa. Também foi interpretada de maneira muito diversa na Espanha e fora dela.

Exaltado, desprezado e depois novamente exal­tado, hoje é considerado um dos primeiros a per­ceber a injustiça econômica, política e cultural do sistema colonial. Como evangelizador, é inegá­vel sua boa vontade e sua entrega total, pelo evan­gelho, à causa dos fracos.

BIBLIOGRAFIA: Obras: Del único modo de atraer a todos los pueblos a la verdadera religión. México 1951; Historia de las Indias. Madrid 1957-1958, 4 vols.; Id., Brevísima relación de la destrucción de las Indias. Buenos Aires 1960; Ramón Menéndez-Pidal, Bartolomé de las Ca­sas. Madrid 1968; L. Galmés, Bartolomé de las Casas, de­fensor de los derechos humanos. Madrid 1980. 

 

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