História da Igreja

São Bernardo de Claraval, O.Cist
São Bernardo de Claraval, representado em A Short History of Monks and Monasteries de Alfred Wesley Wishart, 1900
Abade de Claraval e
Doutor da Igreja (Doctor Mellifluus)
Nascimento 1090 em Castelo de Fontaine-lès-Dijon, Borgonha
Morte 20 de agosto de 1153
Canonização 18 de junho de 1174 por Papa Alexandre III
Festa litúrgica 20 de Agosto
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Bernardo de Claraval, São (1091-1153)

 

Nasceu em Fontaines (Dijón) e morreu em Clairvaux. Conhecido tardiamente como “Doctor melifluo” (1953), por sua doutrina “mais suave que o mel”. Concebeu o misticismo como arma de combate contra toda forma de heresia religio­sa ou filosófica e como instrumento para reforçar

o poder eclesiástico. Considerado “o último dos padres”, São Bernardo reúne em sua pessoa o homem místico e de ação inigualável: ardente e calmo, concilia­

dor e guerreiro, monge e soldado, pregador e martelo dos hereges, guardião da Igreja e exalta­do devoto de Maria. Monge aos 21 anos, depois de uma ruptura ruidosa com o mundo, foi esco­lhido abade de Clairvaux aos 25. Deste reduto de solidão e de trabalho, transforma-se no reformador e vigia de sua ordem e da Igreja. Bernardo conse­gue reunir em Clairvaux mais de 700 monges, agrupa 160 mosteiros em torno de sua reforma, anima a cavalaria cristã dos templários, aconse­lha os reis da França e principalmente — de 1130 a 1145 — transforma-se em guardião da Igreja e do pontificado: teve tempo para resolver cismas e heresias, interveio na eleição dos papas, parti­cipou do Concílio de Sens (1141) para condenar Abelardo e, finalmente, proclamou a segunda cru­zada em 1146.

Não é menos notável sua atividade literária e sua incessante pregação. Suas mais de 400 cartas existentes dão-nos uma idéia do mundo medie­val no qual viveu e atuou: idéias, personagens, problemas. Sua pregação ardente e combativa ocupou boa parte de sua obra. Cartas e sermões são caracterizados por sua freqüente alusão aos padres da Igreja e pelo uso de analogias, etimologias, aliterações e símbolos bíblicos, chei­os de ressonâncias poéticas. Basta citar seus Sermones in cantica canticorum, exemplo admi­rável de linguagem mística.

O restante de sua obra está agrupado em dois blocos: 1) Obras de controvérsia: Contra quaedam capitula errorum Abelardi e Capitula haeresum Petri Abelardi. 2) Os escritos ascéticos e místi­cos: De gradibus humilitatis et superbiae (1121); De diligendo Deo (1126); De gratia et libero arbitrio (1127); De consideratione (1149-1152). Sem esquecer seus Louvores à Virgem Mãe, o clás­sico livro sobre a devoção mariana.

São Bernardo encarna o gênio religioso de toda a sua época. Sua obra combina uma vida mística de dedicação a Deus, com sua entrega aos pobres e sua preocupação com os problemas da Igreja. Há nele uma constante tensão entre o desejo de servir aos demais e seu desejo de cultivar a vida interior, permanecendo no claustro.

Sua doutrina sintetiza-se nestes pontos: 1) Negação do valor da razão. Não nega a utilidade que, conforme o caso, podem ter os conhecimen­tos filosóficos e dialéticos, mas sustenta que o conhecimento das ciências profanas é de ínfimo valor, comparado com o das ciências sagradas. Bernardo pronuncia-se sem reservas contra a ra­zão e a ciência. O desejo de conhecer parece-lhe uma “torpe curiosidade”. Classifica as discussões dos filósofos como “eloqüência cheia de vento” (Sermones in Cantica, 36, 2; 58, 7). A isto se deve, sem dúvida, sua oposição a Abelardo, o dialético que “nihil videt in speculo, nihil in aenigmate”. Em conseqüência, mantém uma atitude de per­manente suspeita em relação à filosofia e à razão.

�.                 Diante desta negação da razão e do valor do homem, elabora com profundidade a doutrina do amor místico. “Minha mais sublime filosofia é esta: conhecer Jesus e sua crucifixão” (Sermones in Cantica, 43, 4). O caminho que conduz à ver­dade de Cristo é a humildade. Subir os doze graus de humildade — segundo ele — é alcançar a hu­mildade e a verdade, que consiste em conhecer a própria miséria e a do nosso próximo. Assim nos introduzimos no reino da justiça e purificamos nossa consciência.

�.                A alma alcança o ponto culminante do co­nhecimento humano no êxtase. Aqui a alma, de certa forma, separa-se do corpo, esvazia-se e per-de-se a si própria para gozar numa espécie de contato com Deus. Trata-se de uma fusão e como “deificação da alma pelo amor”. Só a caridade pode efetuar essa maravilha de uma união perfei­ta numa distinção radical de seres (De diligendo Deo, 11, 32; 11, 36; 15, 39).

�.                Amar a Deus por si mesmo é conformar nossa vontade com a sua. Isso nos torna livres. Enquanto se ama como Deus ama, há perfeito acordo entre nossa vontade e a vontade divina. Há perfeita semelhança entre o homem e Deus. A vida cristã, portanto, identifica-se com a vida mística, e esta, por sua vez, pode ser considerada como uma reeducação do amor.

�.                 Gilson resume assim seu juízo sobre São Bernardo: “A profunda influência que São Bernardo exerceu depende de múltiplas causas:

 

o prestígio de sua santidade, a eloqüência de seu estilo e sua autoridade como reformador religio­so. No entanto, devemos assinalar, além das já citadas, outras causas: que fundou sua doutrina numa experiência pessoal do êxtase e que deu uma interpretação totalmente elaborada dessa experi­ência” (A filosofia na Idade Média, 279).

BIBLIOGRAFIA: Obras completas de san Bernardo. Edição bilíngüe (BAC), 6 vols.; E. Gilson, La théologie mystique de S. Bernard; Id., A filosofia na Idade Média, 277­280, com a bibliografia indicada. 

 

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