História da Igreja

Cipriano, São (200-258)

Nasceu provavelmente em Cartago, de famí­lia pagã, rica e summamente culta.De grande pres­tígio como hábil retórico e mestre da eloqüência. “Sob a inflüência do presbítero Cecílio, conver­teu-se ao cristianismo e deu todas as suas rique­zas aos pobres” (São Jerônimo, De Viris, III, 67). Pouco tempo depois de sua conversão, foi eleva­do ao sacerdócio e logo após, “por aclamação do povo”, foi escolhido bispo (248). Após um ponti­ficado atormentado por perseguições e controvér­sias, foi desterrado para Cucubis em agosto de

257. No ano seguinte, no dia 14 de setembro, foi decapitado perto de Cartago. É o primeiro bispo africano mártir. Sobre sua prisão, julgamento e martírio contamos com a Acta proconsularia Cipriani, que se baseia em documentos oficiais.

Cipriano é tido como o segundo teólogo afri­cano depois de *Tertuliano, a quem, por outro lado, admirava. “Tinha por costume — diz São Jerônimo— não deixar passar um só dia sem ter lido algo de Tertuliano, e falava com freqüência a seu secretário: ‘Dá-me o mestre’ referindo-se a Tertuliano”. No entanto, difere notavelmente dele, já que possuía aqueles dons do coração que vão sempre unidos à caridade e à amabilidade, à prudência e ao espírito de conciliação, coisas que

o diferenciavam da intemperança e dureza de Tertuliano.

São muitas e de valor as fontes que nos infor­mam sobre a vida e atividade de Cipriano. As mais importantes e fidedignas são seus próprios trata­dos e sua numerosa correspondência. Todas as suas obras foram provocadas por circunstâncias particulares e estão intimamente relacionadas com os acontecimentos de sua vida e de sua época. Era um homem de ação a quem interessava mais a direção das almas que as especulações teológi­cas. Sua linguagem e estilo são claros e bem tra­balhados, mostrando uma clara influência da Es­critura. Na antigüidade cristã e na Idade Média, Cipriano foi um dos autores mais populares.

Suas obras chegaram-nos através de três catá­logos antigos. Destacam-se os tratados: Ad Donatum (247), dirigido a seu amigo Donato, em que descreve os efeitos da graça divina em sua conversão; Sobre a roupagem das virgens foi con­siderado por Santo *Agostinho como modelo para os jovens oradores cristãos. São normas de con­duta para as virgens, “flores da Igreja, honra e obra mestra da graça”; Sobre os apóstatas (251), um livro candente, pois lembra a conduta dos mártires que deram suas vidas pela fé, dos que sacrificaram aos deuses antes de que fossem obri­gados a isso, dos que foram frágeis depois de gran­des torturas...Todos devem fazer penitência. Esse livro, lido no Concílio de Cartago de 251, foi re­cebido como norma de atuação no difícil proble­ma dos lapsi.

O mais importante tratado de Cipriano é A unidade da Igreja (251). “Dá-nos a chave de sua personalidade e de tudo o que escreveu em forma de livros ou cartas.” Diz em sua introdução que “os cismas e heresias são causados pelo diabo. Que são mais perigosos inclusive que as perse­guições, porque comprometem a unidade interna dos crentes, arruínam a fé e corrompem a verda­de. Todo cristão deve permanecer na Igreja Cató­lica, porque não há mais do que uma só Igreja, a que está edificada sobre Pedro. Não há salvação fora da Igreja”: “Não pode ter a Deus por pai quem não tem a Igreja por Mãe”. São treze os tratados que Cipriano escreveu. Versam sobre a morte, as boas obras e as esmolas, as vantagens da paciên­cia, do ciúme e da inveja, exortação ao martírio etc.

As Cartas refletem, por sua vez, os proble­mas e as controvérsias com que teve de enfrentar a administração eclesiástica do séc. III. Revelam­nos também as esperanças e os temores, a vida e a morte dos cristãos numa das mais importantes províncias eclesiásticas. No total, 81 cartas, das quais 65 são de Cipriano e 16 foram escritas a ele ou ao clero de Cartago. Encontra-se nessas car­tas, além de uma fonte importante para a história da Igreja e do Direito Canônico, um monumento extraordinário do latim cristão, pois enquanto seus tratados acusam as influências de procedimentos estilísticos, suas cartas reproduzem o latim fala­do dos cristãos do séc. III.

BIBLIOGRAFIA: Obras de San Cipriano, W. Hartel: CSEL 3, 1-3 (1868-1871) ML Supplementum 1,1 (Paris 1958) 67-72; Obras de San Cipriano. Valladolid 1807, 2 vols. Edições parciais das obras: Obras de San Cipriano. Ed. bi­língüe preparada por J. Campos (BAC). 

 

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