História da Igreja

Fénelon, François de Salignac (1651-1715)

Filósofo, teólogo, escritor literário e pedagogo. Suas idéias políticas e pedagógicas, assim como sua concepção da oração mística, amor puro, va­leram-lhe a oposição tanto da Igreja quanto do Estado.

Descendente da alta nobreza, nasceu no cas­telo de Fénelon (Périgord). Em 1672, iniciou seus estudos superiores no seminário de São Sulpício de Paris. Ordenado sacerdote, foi destinado à edu­cação das jovens católicas convertidas do protes­tantismo. O fruto dessa educação dada às jovens é seu primeiro Tratado da educação das jovens (1687). Apesar do tom conservador da obra, não deixam de ser originais suas idéias sobre a edu­cação feminina, assim como suas críticas aos métodos coercitivos de seu tempo. Nesta mesma linha pedagógica, e já como tutor do delfim da França, Fénelon publicou sua obra mais conheci­da, As aventuras de Telêmaco (1699), que expres­sa as idéias políticas básicas do autor. Nos 18 li­vros das Aventuras, escritos para o delfim, des­creve o ideal do soberano humanamente rico, ca­paz de compreender e guiar seu povo. Os precei­tos morais e religiosos estão acompanhados, no curso das aventuras, com os mais variados en­contros de homens e deuses, com observações de natureza política e econômica, que dão à obra outros valores, além do pedagógico e do literá­rio. No Exame de consciência sobre os deveres da realeza abre-se aos problemas de natureza éti­co-política, que mostram a complexa personali­dade de Fénelon.

Depois de sua eleição à Academia Francesa (1693) e ao arcebispado de Cambrai (1695), perí­odo de máxima popularidade nos círculos ofici­ais, Fénelon viu-se envolvido numa polêmica que

o jogou no isolamento e na oposição tanto da Igre­ja quanto do Estado. Iniciado na experiência reli­giosa de Madame Guyon (1688), elaborou e ex­plicou o que na história da filosofia e das idéias religiosas se conhece pela “doutrina do amor puro”. Segundo essa doutrina, é necessário que o espírito se deixe levar livremente pela oração para que alcance um “gosto íntimo”. Então se ama a Deus com um amor puro, que não depende nem da esperança de recompensas nem do temor a castigos. O amor puro chega a não possuir cons­ciência de si, sem que signifique que seja inde­pendente da vontade. É fruto de um consentimen­to, mas se realiza quando a vontade se entrega a Deus sem reservas. Com essa doutrina, Fénelon alinhava-se nas filas do quietismo, junto a Miguel Molinos e outros. Teve a mesma sorte que o aragonês *Molinos. Foi denunciado publicamen­te por *Bossuet, e seu livro Explicação das máxi­mas dos santos sobre a vida interior (1697) foi condenado pelo papa. Morreu exilado na sua diocese em 1717.

— De suas idéias filosófico-teológicas infor­mam-nos seus dois últimos livros: Tratado da existência e dos atributos de Dios (1705) e Car­tas sobre diversos temas de metafísica e de reli­gião (obra póstuma, 1716). Reúnem os grandes temas da existência de Deus e da liberdade hu­mana e se movem dentro da filosofia de Descar­tes, Malebranche e, em especial, Bossuet.

BIBLIOGRAFIA: Oeuvres complètes. Paris 1852, 10 vols.; Correspondance de Fénelon, 1972, 3 vols.; E. Carcasonne, Fénelon, l’homme et l’oeuvre, 1946; Pietro Zovatto, Fénelon e il quietismo, 1968. 

 

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