História da Igreja

Francisco de Assis (1181-1227)

Francesco Bernardone nasceu em Assis. Na ausência do pai, sua mãe o batizou com o nome de João Batista. Não sabemos quando nem por que o nome de Francisco, em desuso naquele tem­po, substituiu o de João. Tampouco temos sua autobiografia, e seus irmãos, muito cedo dividi­dos, interpretaram suas palavras e seus escritos em sentidos diferentes. Não é fácil descobrir o verdadeiro São Francisco.

“É paradoxal que o simples, o aberto, o tantas vezes comentado São Francisco, oculte-se atrás de um dos enigmas mais confusos da historiografia. A primeira dificuldade vem dos seus escritos. O santo, em sua humildade, não fez sua própria biografia. Não se pode esperar de sua obra nenhuma informação precisa de sua vida. Não encontramos mais do que alusões a alguns de seus comportamentos, que ele comunica a seus irmãos como exemplo. Assim, no seu testamen­to, o mais autobiográfico de seus escritos, lembra que sempre tentou viver do trabalho de suas mãos, para que os irmãos fizessem o mesmo. Além do mais, pelo menos um de seus escritos mais im­portantes, a primeira Regra que escreveu em 1209 ou 1210, se perdeu. Perderam-se também suas cartas, assim como a maior parte de seus poemas (não conservamos mais do que aquele que é, pro­vavelmente, sua obra de arte, o Cantico di Frate Sole).”

Mas a principal dificuldade para descobrir o verdadeiro São Francisco é a existência, ainda estando ele com vida, de duas tendências na or­dem. Cada uma delas tentava ganhar o fundador e interpretar a seu modo suas palavras e seus es­critos...” (Jacques Le Goff, 2.000 años de cristia­nismo, 3, 202s.). Apesar de tudo isso, ou talvez por isso, sua figura teve e continua tendo a capa­cidade de gerar espanto e produzir uma literatura e um pensamento como poucos personagens da história tiveram. Desde São *Boaventura — que escreveu a vida oficial do santo ou Legenda Mai­or (1263) e Tomás de Celano que escreveu a Vita Prima e a Vita Secunda (1228-1244) e o Tratado dos milagres (1253), passando pela Legenda dos três companheiros, o Espelho da perfeição dos irmãos menores, a Legenda Antiqua, As bodas espirituais de São Francisco com a pobreza e Os fioretti —, a figura de São Francisco não deixou de apresentar perfis e aspectos novos.

Sua própria vida e obra é um milagre perma­nente. Representa a utopia cristã levada até as suas últimas conseqüências: reprodução viva de Cris­to, pregação do seu Evangelho, amor e entrega aos outros, amor universal a todas as criaturas.

— “Depois que o Senhor me concedeu irmãos, diz em seu Testamento, ninguém me mostrou o que deveria fazer. Mas o Altíssimo em pessoa re­velou-me que eu deveria viver segundo o modelo do santo evangelho. Então mandei escrever um texto em poucas e simples palavras, e o Senhor Papa me deu sua aprovação. Os que se aproxima­vam para compartilhar essa vida distribuíam aos pobres o quanto possuíam e contentavam-se com um avental remendado por dentro e por fora, com

o cordão e calças. Éramos simples em tudo e sub­missos a todos... O Senhor revelou-me esse cum­primento que deveríamos usar: ‘O Senhor vos dê a paz’”.

— “Altíssimo, onipotente, bom Senhor, teus sãos os louvores, a glória, a honra e toda bên­ção...

Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o irmão sol, o qual faz o dia e nos dá a luz... Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas...

Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã mãe terra. ..” (Cântico do irmão sol).

— São Francisco deixou-nos sua doutrina e seu exemplo. Legou-nos também o franciscanismo vivo nos frades menores, nas frei­ras clarissas e na ordem terceira dos leigos. Esse franciscanismo se renova na vida de instituições e de pessoas ao longo do tempo.

BIBLIOGRAFIA: Escritos e biografias de S. Francisco de Assis; crônicas e outros testemunhos do primeiro século fransciscano, Fr. Ildefonso Silveira e Orlando dos Reis (orgs), Petrópolis, 1993; San Francisco de Asís. Escritos. Biografías. Documentos de la época. Edição de J. A. Guerra (BAC); Escritos de santa Clara y documentos complementarios. Edição bilíngüe por J. Omaecheverría (BAC); E. Gemelli, El franciscanismo. 

 

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