História da Igreja

Huxley, Aldous (1894-1963)

Escritor inglês, com residência, desde 1938, nos Estados Unidos. É considerado o arauto e inspirador dos “Twenties”: uma geração que sen­tiu o horror do “grande vazio da paz” nascido da 1ª Guerra Mundial. Desta primeira época recor­dam-se a suas novelas Crome Yellow (Amarelo Brilhante) (1921) e Point Counter Point (Ponto e Contraponto) (1928), em meio de uma série de novelas curtas que o tornaram conhecido em todo

o mundo. Na evolução literária de Huxley costumam-se distinguir três etapas. Sua personalidade desliza da etapa estética à etapa ética, e desta à religiosa. De fato, a primeira etapa distingue-se por uma hiperestesia intelectual, iconoclasta e cínica, idealizadora do sexual e do pacifismo. Próximo à década de trinta, caminha em direção a uma críti­ca progressiva da cultura e da sociedade até de­sembocar numa utopia negativa, como é o caso de Admirável mundo novo (1932); Eminência parda (1941); Depois de muitos verões (1939). Depois da 2ª Guerra Mundial, inicia-se a terceira etapa de Huxley, a etapa religiosa e mística. Cada

vez está mais preocupado com os grandes pro­blemas religiosos. Assim ocorre, por exemplo, em A filosofia perene (1946), antologia comentada da espiritualidade de todos os tempos; Céu e in­ferno (1954) etc. Huxley acaba por transformar­se num profeta, proclamando a necessidade de voltar ao transcendente. Para isso, dirige-se, prin­cipalmente, à filosofias orientais.

Ao leitor das obras de Huxley lhe interessa saber que, para esse autor, como para tantos ou­tros, principalmente os anglo-saxões, enojados do marxismo, cheios de ressentimento contra um catolicismo que identificam com os regimes to­talitários, o mundo oriental exerce uma espécie de fascinação. Procura no conjunto das religiões da Índia uma nova forma de salvação, cujos prin­cípios podem ser:

�.                 Repúdio de uma religião encarnada no tem­po. Tudo o que pretende ser histórico nas religi­ões deve ser rechaçado. Não se pode tomar a sé­rio a doutrina cristã da encarnação de Cristo. Os mitos religiosos não têm mais do que um valor simbólico. O erro fundamental dos cristãos é con­ceder à encarnação do Verbo um lugar excepcio­nal, fazer dela um acontecimento único que se insere no curso da história. Mais do que encarnação, deve-se falar, segundo Huxley, de encarnações, de “avatares do divino”.

�.                 Mais do que uma religião, a sua é uma mís­tica baseada nos princípios monistas da advaita.

 

 

O homem liberta-se quando intui e discerne que o seu eu se identifica com o absoluto. O efeito desta intuição liberta a pessoa de sua implicação no mundo ilusório em que vive e do ciclo da re­encarnação. Enquanto isso não se produz, o ho­mem continua sendo vítima da ignorância e da ilusão.

�.                 Esse misticismo de Huxley baseia-se, por­tanto, na Bíblia que, segundo ele, perdeu toda a força de persuasão para os espíritos ocidentais. Ele se baseará nas menções e nos testemunhos dos místicos, “cuja autoridade é muito maior do que a dos escritos incluídos no cânon da Bíblia”.

�.                 No mais, sua filosofia perene não é uma religião, nem uma filosofia, nem um reflexo da tradição bíblica, porque não é mais do que o pro­duto do mais cru empirismo. “Huxley volta-se para a mística porque tudo o mais fracassou; a procura do absoluto é uma experiência a mais, a única que pode ter êxito; seu próprio êxito prova sua legitimidade” (Ch. Moeller, o. c.). Neste sen­tido, sua concepção de Deus, do homem, da re­denção, da outra vida, não se inspiram na doutri­na bíblica e cristã.

 

Entre nós, a obra mais conhecida de Huxley é Admirável mundo novo, uma visão desconcertante de uma sociedade futura, produto da política e da técnica. Alguns viram nele uma utopia à inversa, uma distopia, que levaria o mundo a uma catás­trofe se tal sistema de castas e de homens se pro­duzisse. Outros somente vêem nela um exercício literário de ficção científica.

BIBLIOGRAFIA: Obras em português: O admirável mundo novo; Chapéu mexicano; Contos escolhidos; Contraponto; Os demônios de Loudun; Folhas inúteis; O Gênio e a deusa; Huxley e Deus; A ilha; O macaco e a es­sência; Moksha; A situação humana; O tempo deve parar e outras; Obras nos Clásicos del siglo XX. Plaza e Janés. Bar­celona, 3 vols.; Ch. Moeller, Literatura do século XX e cris­tianismo, I. 

 

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