João Paulo II (1920-)
Karol Wojtyla, nome original de João Paulo II, nasceu em Wadowice, Polônia, em 1920. Foi eleito papa em 1978, sendo o primeiro não italiano em 456 anos. A 2ª Guerra Mundial truncou seus estudos de literatura polonesa na Universidade de Cracóvia, vendo-se obrigado a trabalhar numa fábrica de soda. Participou da resistência contra os invasores nazistas e atuou num grupo de teatro antifascista. Em 1942 determinou tornar-se sacerdote, ordenando-se em 1946. Ampliou seus estudos na Universidade Angelicum de Roma e na Universidade Católica de Lublin. Exerceu a docência como professor de ética na faculdade de filosofia de Lublin e, mais tarde, na faculdade de teologia de Cracóvia. Bispo auxiliar de Cracóvia em 1958, foi nomeado arcebispo da mesma cidade em 1964 e feito cardeal em 1967.
João Paulo II ascendeu ao pontificado romano com uma densa obra literária e teológica lavrada em seus anos de docência universitária e de vida pastoral. Além de suas narrativas e obras de teatro, publicou em 1960 Amor e responsabilidade, onde critica os métodos não naturais de controle de natalidade; seguiram-lhe Pessoa e ação (1969), análise da teoria do conhecimento; Os fundamentos da renovação (1972), assim como uma monografia sobre Max Scheler. A esses trabalhos devem-se acrescentar mais de 500 ensaios e artigos, alguns deles reunidos no ABC da ética moral (1975). Se a isto acrescentarmos as cartas pastorais, alocuções, conferências, discursos e encíclicas, teremos um dos papas mais fecundos no apostolado da palavra e da escrita.
O serviço à palavra em todas as suas formas é, de fato, uma das constantes do atual pontífice. Grande comunicador e poliglota, transformou-se em porta-voz da Igreja e do Evangelho no mundo. Além de seu ministério ordinário em Roma, as viagens realizadas aos cinco continentes permitiram-lhe falar e transmitir a mensagem cristã de muitas e diversas formas e a múltiplas audiências em todo o mundo. As viagens pastorais e as mensagens nelas transmitidas serão, de fato, uma das chaves para compreender seu pontificado. A informação de suas viagens pela imprensa e pela TV fizeram do Papa Wojtyla um dos personagens mais conhecidos.
A chave de interpretação da atividade de João Paulo II está nos centros de interesse dos grandes setores da Igreja e suas prioridade. A Igreja do Ocidente está preocupada com problemas da secularização, da procura de um sistema de valores, de uma reforma moral. Diante desta situação, acusa-se o papa polonês de querer fazer da Europa um novo fortim medieval com essa espécie de medo da verdadeira modernidade. Com a Igreja da América Latina, interpelada pela miséria, pela exploração econômica e pela revolução social, e que opta pela “Teologia da Libertação”,
o Papa Wojtyla mostrou-se reticente e cauteloso. A mesma atitude de cautela encontramos por parte do papa frente a uma Igreja de diálogo e a serviço dos homens e do mundo. Essa atitude de prudente cautela levou-o a tensões com teólogos, com grupos, pelo que denominam “autoritarismo” e “involucionismo” do pontificado de Wojtyla.
A Igreja do Papa Peregrino, que soube devolver o orgulho a numerosas comunidades católicas nacionais, aparece hoje muito mais forte no mundo se considerarmos seu prestígio político e social. João Paulo II apostou inclusive com sua vida — foi vítima de um atentado a 13 de maio de 1981 — por uma ordem democrática e social baseada na liberdade e na justiça; condenou o comunismo e outros regimes autoritários; saiu na defesa e recuperação dos direitos humanos; pronunciou-se contra a guerra “como o mal sem retorno”. “Pertence a seu pontificado um trabalho diplomático em continuidade com o de seus predecessores, que aproveitou com perseverança, de cada abertura e de cada oportunidade de enfrentamento com os regimes comunistas, numa tentativa constante para que as Igrejas locais exercessem uma ação pastoral mais decisiva.”
Se a essa luta social e política acrescentarmos a voz do pontífice contra o materialismo, o chamado à fidelidade conjugal, à pureza e santidade dos jovens e da vida familiar, teremos algumas das chaves do pontificado de João Paulo II. Foi e é contestado. Mas certamente, se tivesse uma linguagem espiritual, dogmática ou piedosa que parecesse convir a todos, essa linguagem seria julgada então inadequada para responder às situações concretas de hoje.
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