História da Igreja

Palamas, São Gregório (1296-1359)

Nasceu em Constantinopla e morreu em Tessalônica. Monge ortodoxo, teólogo e orientador intelectual da *hesiquia. Nomeado bis­po de Tessalônica em 1347, aclamado santo e nomeado pai e doutor da Igreja ortodoxa em 1368.

Nascido numa família ilustre, vinculada à corte imperial, Palamas estudou a filosofia clássica na universidade imperial. Em 1316, renunciou a tudo para tornar-se monge em *Athos. Durante 25 anos dedicou-se ao estudo da Escritura e dos padres, iniciando-se na vida espiritual e na oração contemplativa. Obrigado a abandonar seu retiro do Monte Athos por causa das incursões dos tur­cos, retirou-se com dez colegas para a vida eremítica na Macedônia. Voltou a Athos em 1331, onde foi eleito abade de uma comunidade de monges.

A partir desses anos, envolveu-se numa pro­longada série de controvérsias públicas com humanistas e teólogos — tanto latinos quanto or­todoxos — que o levaram à excomunhão por pres­sões de tipo político em 1344. Sua luta principal foi contra Barlaão da Calábria, monge ortodoxo que propalava certo agnosticismo teológico e ne­gava que os conceitos racionais pudessem expres­sar, inclusive metaforicamente, a oração mística, assim como sua comunhão humano-divina. Barlaão chegou a compor um poema satírico em que difamava a hesiquia, aludindo a seus segui­dores como “aqueles que têm a sua alma no um­bigo”: alusão evidente aos ascetas e místicos que praticavam a meditação hesiquiástica (meditação de quietude) sentados e com o olhar colocado debaixo do peito para poder alcançar a experiên­cia mística.

Basicamente, a obra de Palamas defende a doutrina hesiquiástica, como o fez primeiro em sua Apologia dos santos hesiquiastas (1338), co­nhecida com o nome de Tríada por sua divisão em três partes. Na Apologia põe as bases teológi­cas para a experiência mística. Esta pressupõe a implicação, não só do espírito, mas de toda a pes­soa, corpo e alma. A hesiquia aspira a uma trans­formação do homem interior, realizada por uma iluminação que o une a Deus no mais fundo de seu espírito. É “a deificação do homem inteiro”.

— A oração hesicasta aspira a alcançar a for­ma mais intensa de comunhão do homem com Deus na forma de visão da “luz divina” ou da “energia incriada”. Para chegar a ela, é necessá­rio adotar uma postura especial do corpo que pres­supõe uma concentração — do olhar e dos senti­dos — e uma invocação metódica do nome de Jesus: “Jesus, Filho de Davi, tende piedade de mim”. Esse estado espiritual dos hesicastas não se concede a todos, mas aos puros de coração.

Sua obra fundamental é o Livro da santidade, texto do misticismo ortodoxo-bizantino e fruto de uma série de públicas confrontações com teólo­gos e humanistas que o levaram à excomunhão, já referida, em 1344, por pressões políticas. Ocu­pa o resto de seus dias em trabalhos pastorais de sua diocese, Tessalônica, e na composição de ou­tras obras e escritos menores.

Palamas é um dos principais autores do pen­samento cristão oriental. A sábia fusão de platonismo e aristotelismo serviu-lhe para trans­mitir sua experiência mística. Sua aclamação de santo, em 1368, quinze anos depois de sua morte, e de “padre e doutor da Igreja Ortodoxa”, deu à sua doutrina e à sua vida o referendo do mestre que soube “ensinar e fazer”.

BIBLIOGRAFIA: Espiritualidad rusa. San Serafín de Sarov, Macario de Optina, Juan de Kronstad y Silvano del Monte Athos. (Col. Neblí). Rialp, Madrid 1982; M. J. Le Guillou, L’esprit de l’ortodoxie grecque et russe, 1961; A. J. Philippou, The Ortodox Ethos, 1964. 

 

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