História da Igreja

Rahner, Karl (1904-1985)

Jesuíta alemão, profundamente ligado à reno­vação da teologia católica e da Igreja. Desde 1948 foi professor de teologia dogmática em Innsbruck. Posteriormente lecionou também teologia nas Universidades de Munique e Münster. A partir de 1964, e durante três anos, participou dos tra­balhos da comissão teológica do *Vaticano ll, dando ao mesmo tempo cursos sobre a concep­ção cristã do mundo na Faculdade de Filosofia de Münster, onde sucedeu Romano *Guardini. A aposentadoria de Rahner, em 1971, não interrom­peu sua atividade científica e pastoral, já que con­tinua sendo membro ativo do Sínodo Nacional da Alemanha.

 

Sua obra insere-se na corrente filosófica ale­mã de Heidegger, de quem foi discípulo, e nutre­se do pensamento teológico alemão tanto católi­co quanto protestante. É uma teologia aberta e profundamente tradicional, mas fortalecida com um novo alento de vida e cultura moderna. Sua numerosa produção vai de 1941 a praticamente seus últimos dias, em 1985. Cabe assinalar as se­guintes obras: Ouvinte da palavra (1941); Visões e profecias (1952); Liberdade de palavra na Igreja (1953); Missão e graça (1959); Cristologia (1972); Mudança estrutural da Igreja (1973); Curso fundamental da fé (1976). Muitos de seus escritos foram coletados nos Escritos de Teolo­gia (1954-1975) e na coleção “Quaestiones disputatae” (iniciada em 1958). Dirigiu também as obras enciclopédicas Sacramentum mundi (1969) e Manual de teologia pastoral (1971­1972).

Dessa abundante obra destacamos sua doutri­na mais original, e que divulgou o que se conhe­ce como “cristianismo anônimo”. Para ele, cris­tão é todo aquele que “choca com o mistério”. Quanto mais o homem se coloca questões funda­mentais e se aprofunda na experiência da vida ou utiliza seus conhecimentos científicos, mais se adentra no mistério: “é o mistério que chamamos Deus”.

Pois bem, “o cristão anônimo”, tal como o entendemos, é o pagão que vive depois da vinda e pregação de Cristo, em estado de graça através da fé, da esperança e da caridade, embora não te­nha conhcecimento explícito do fato de que sua vida é orientada pela graça salvadora que leva a Cristo... Deve haver uma explicação cristã que dê conta do fato que todo indivíduo que não ope­ra em nenhum sentido contra a sua própria cons­ciência e diz realmente em seu coração ‘Abba’ com fé, esperança e caridade, é na realidade aos olhos de Deus um irmão para os cristãos” (Escri­tos de teologia).

Sua idéia, seguida hoje por muitos outros teó­logos, de que existam “cristãos anônimos” sem compromisso religioso algum, é altamente suges­tiva. “Cristão anônimo é aquele que aceita a si mesmo numa decisão moral”, ainda quando tal decisão não se faz de uma forma “religiosa” ou “teísta”. Justificaria o chamado “cristianismo se­cular” ou “cristianismo horizontal” tal como o formulou a Assembléia de Upsala (1964) e tal como o formula a Teologia da *Libertação. Pode­se ser cristão sem referência a nenhum elemento religioso. E a Igreja fica como comunidade missionária sem nenhuma pretensão ou pressão social e política.

Como outros teólogos, Rahner recebeu vários “monitum”. Sua teoria do cristianismo anônimo, aberto a todos e não monopolizado pela Igreja — um cristianismo disperso e arraigado em todo o mundo, um cristianismo sem fronteiras, fruto da graça de Deus oferecida acima de todas as cate­gorias humanas — foi posta em questão. “A teo­logia não é um assunto privado e, submetida ao Magistério da Igreja, inclusive em sua tarefa de pesquisa, não pode esconder-se atrás de uma li­berdade acadêmica” (*Paulo VI, 1975). Não obstante, permanece o mais valioso de sua dou­trina: o diálogo constante mantido com o homem moderno, com a sociedade e suas condições. A teologia terá de fazer o possível para não se de­sentender com eles.

BIBLIOGRAFIA: Graça divina em abismos humanos; Missão e graça; O caminho do homem novo; Teologia e Bí­blia; Teologia e antropologia; Revelação e tradição; O dogma repensado; Estruturas em mudança; O homem e a graça; Curso fundamental de la fe. Herder, Barcelona 1978; Cristología. Estudio sistemático y exegético. Cristiandad, Madrid 1975; Sentido teológico de la muerte. Herder, Bar­celona 1975; Escritos de teología; La infalibilidad de la Iglesia. Respuesta a H. Küng, obra em colaboração dirigida por K. Rahner (BAC); Dios con nosotros. Meditaciones (BAC popular). 

 

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