História da Igreja

Catecismo

O catecismo ou os catecismos, como gênero didático dentro da Igreja, é uma continuação es­crita da catequese oral e direta, praticada desde os primeiros séculos do cristianismo. Aparece como substituição desta e do catecumenato, que fora uma instituição perfeitamente definida na Igreja primitiva e posterior.

O catecismo é um gênero literário didático em forma de manual de instrução cristã, preparado à base de perguntas e respostas. Seu surgimento é tardio, já que remonta aos séculos XV-XVI. Isto não quer dizer que anteriormente não se tenham dado manuais de instrução para os jovens, para os rudes ou lavradores, para os convertidos, os infiéis ou testemunhar a fé. São conhecidos, nes­se sentido, alguns dos tratados de Santo Agosti­nho, de São João Crisóstomo e em especial de São Cirilo de Jerusalém com suas famosas catequeses. Com mesmo sentido e finalidade fo­ram escritas algumas das summas da Idade Mé­dia, como as de Santo Tomás, de São Raimundo de Peñafort e de Raimundo Lúlio, entre outras. O termo catecismo, no entanto, foi utilizado para designar os manuais escritos em forma de per­guntas e respostas, surgidos no começo da Idade Moderna.

A partir da invenção da imprensa no séc. XV, e principalmente da Reforma Protestante do séc. XVI, o catecismo transforma-se em um meio de instrução, de exposição da fé e de muito impor­tante controvérsia. Seguindo um pouco os manu­ais de instrução religiosa da Idade Média, con­tém três partes correspondentes às três virtudes teologais: a) significado da fé: explicação do Cre­do dos Apóstolos; b) esperança: explicação do “pai-nosso”; e c) a caridade: os Dez Mandamen­tos. Os catecismos surgidos da Reforma estão estruturados em quatro partes: em que acreditar, a que orar, o que realizar e o que receber, segun­do o esquema dos clássicos catecismos de Astete e Ripalda.

A era dos catecismos cobre todo o século XVI e estende-se com uma nova compreensão até nos­sos dias. São clássicos os dois catecismos de Lutero: O Catecismo Menor (1529) e o Catecis­mo Maior destinado ao clero (1529). Neles se fixa a doutrina luterana sobre os sacramentos, sobre­tudo a do Batismo e da Eucaristia. Em 1537, Calvino publicou um Catecismo para as crianças, que pela sua dificuldade de compreensão teve de ser adaptado e publicado novamente em 1542. O Catecismo de Heildelberg (1563) se impôs nas Igrejas Reformadas da Suíça. As Igrejas Presbiterianas confeccionaram seu pequeno e grande catecismo, conhecido como Catecismo de Westminster (1647). Em 1549, juntamente com o Book of Common Prayer, publicou-se a primeira parte do catecismo anglicano e a segunda em 1604, com a doutrina sobre os dois sacramentos. Até 1661 sofreu diversas modificações.

Da parte católica e durante o Concílio de Trento (1545-1563), publicou-se o catecismo ca­tólico mais famoso, a Summa Doctrinae Christianae (1554) de São Pedro Canísio, jesuíta alemão. Seguiram-lhe o de São Roberto Belarmino na Itália (1597); os de Edmond Auger (1563) e J. B. Bossuet (1687) na França; os de Gaspar Astete (1599), com mais de 600 edições, e Ripalda (1615) na Espanha etc. Seria intermi­nável a lista dos que apareceram ao longo dos séculos seguintes até nossos dias. Os catecismos dos séculos XVIII-XX supõem um esforço de sín­tese sistemática e apologética de teólogos e edu­cadores. Mas a maior parte deles, sobretudo os que se dirigem a um público culto, abandonam a forma tradicional de perguntas e respostas para se converter em tratados ou manuais de forma­ção e informação cristã. Seguindo o exemplo do chamado Catecismo romano — publicado em 1566 por São Pio V, que não é um catecismo no sentido indicado, porém, uma exposição doutrinal para utilização dos sacerdotes — a maior parte dos catecismos modernos adotam a forma de ex­posição doutrinal. São a adaptação dos manuais de teologia em linguagem mais acessível e a for­ma pela qual a doutrina cristã sai das salas de aula e dos livros em latim e chega ao povo.

Finalmente em 1993 foi publicado o Catecis­mo da Igreja Católica.

Como reação aos catecismos católicos e pro­testantes, o teólogo ortodoxo Pedro Mogila com­pôs a Confissão ortodoxa da Igreja católica e apostólica oriental. Foi aprovada por um Sínodo provincial em 1640 e estendida a todas as Igrejas Orientais pelo Sínodo de Jerusalém em 1672. Mesmo assim, por ordem do czar Pedro I, o Gran­de, preparou-se em 1723 um pequeno catecismo ortodoxo.

BIBLIOGRAFIA: Para maiores informações sobre o catecismo, os catecismos, oferecemos as seguintes obras: Catecismo Católico para adultos. La fe de la Iglesia, pela Conferência Episcopal alemã (BAC); Novo catecismo para adultos (Catecismo holandês).; J. N. D. Kelly, Primitivos credos cristianos. Salamanca 1980; Catecismo romano de san Pío V (texto bilíngüe) (BAC); Catecismo de Astate y Ripalda, por L. Resines (BAC); Comentarios sobre el “Cathecismo Christiano” por B. de Carranza. Edição críti­ca e introdução por J. L. Tellechea (BAC maior), 2 vols. Catecismo da Igreja Católica, Vozes e Loyola, 1993. 

 

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