Leão XIII, Papa (1810-1903)
Considerado “primeiro papa social”, ou “o papa da renovação dos estudos eclesiásticos”, Leão XIII marcou um estilo novo de abertura e de compreensão para o mundo moderno. Seus 25 anos de pontificado são um exemplo dessa renovação interna da Igreja e dessa abertura ao mundo, sem negar a fé, o espírito e a tradição cristãs.
Não há dúvida de que o pontificado de Leão XIII caracterizou-se por um novo espírito. Em suas relações com os governos civis, mostrou sua preferência pela diplomacia, conseguindo, através dela, conquistas incontestáveis. A grandeza deste papa consistiu precisamente em não ter sido exclusivamente um papa político, apesar de seu gosto pela política. Foi também um intelectual, que se simpatizou com o progresso científico e que viu a necessidade de a Igreja abrir-se para ele. E, principalmente, foi um pastor interessado na vida interna da Igreja e em difundir sua mensagem através do mundo.
Seu interesse pela renovação do diálogo entre a Igreja e o mundo moderno foi manifestado nas encíclicas que publicou a esse respeito. No plano doutrinal, expôs e deu resposta a todos os problemas surgidos pela transformação da sociedade moderna: sustentou os direitos da autoridade (Diuturnum, 1884) e condenou a maçonaria (Humanum Genus, 1884); definiu, no entanto, o limite legítimo das liberdades populares (Immortale Dei, 1885) e da liberdade em geral (Libertas, 1888); defendeu a família cristã da onda de divórcios (Arcanum, 1880) e combateu o socialismo (Quod Apostolici, 1878).
Dois aspectos ou preocupações do pontificado de Leão XIII merecem uma atenção especial. A primeira é o impulso dado aos estudos exegéticos e de pesquisa científica (Providentissimus Deus, 1893); abriu aos pesquisadores os arquivos vaticanos e patrocinou, de maneira decisiva, o estudo da filosofia de Santo *Tomás nas aulas. A ele se deve fundamentalmente a renovação da chamada *“neo-escolástica” e a criação das “universidades católicas” em muitas partes do mundo contemporâneo.
O segundo aspecto do pontificado de Leão XIII é a sua atenção aos problemas sociais. Propôs-se a criar uma ordem cristã baseada na justiça social. A culminância de todo o seu trabalho social foi a encíclica Rerum Novarum (1891). Nela constata que a sociedade mudou; que a concentração das riquezas traz consigo uma “miséria não merecida” dos trabalhadores. O socialismo é um remédio falso, já que propõe a supressão da propriedade privada querida por Deus. O verdadeiro remédio situa-se nos princípios cristãos ensinados pela Igreja: as desigualdades são uma lei da natureza. É necessária a união de todos, e por isso não é aceitável a luta de classes: “Não há capital sem trabalho, nem trabalho sem capital”. O Estado tem de intervir para uma distribuição conveniente dos bens, para a duração do trabalho, o descanso semanal, o salário familiar... Condenase, portanto, o liberalismo econômico. São úteis e necessárias as associações profissionais de patrões e operários, mas não exclui os sindicatos somente de operários.
“Estamos convencidos de que é preciso acudir em auxílio aos homens das classes inferiores com medidas prontas e eficazes, já que estão, em sua maioria, numa situação de infortúnio e de miséria não merecida” (Rerum Novarum).
A importância desse documento é evidente. Suscita na Igreja uma legião de apóstolos, associações e sindicatos operários de caráter cristão que chegam até nossos dias. A importância da encíclica situa-se no interior da Igreja, fixando a atenção não no passado, mas na realidade que tem diante de si. Pede-se aos católicos que considerem o mundo em que vivem e se coloquem no marco das instituições existentes: regimes políticos, sindicatos etc. E, principalmente, a encíclica levou à formação do que se denominou a *doutrina social da Igreja, desenvolvida pelos papas posteriores.
Esse papa, “dotado de uma inteligência superior, de um temperamento enérgico, de uma aguda consciência de seu valor pessoal e de um fino sentido das relações públicas”, quis confrontar todos os problemas que lhe colocaram a Igreja e
o mundo. E embora seu pontificado não captasse, de forma imediata, a relação da Igreja católica com o mundo, iniciou atitudes novas que foram amadurecendo em décadas sucessivas (*Concílio, *Neo-escolásticos).
BIBLIOGRAFIA: Suas encíclicas estão nos “Documentos Pontifícios”da Ed. Vozes; R. Soderini, Il pontificato de Leone XIII, 1932-1933, 3 vols.; E. Dolleans, Historia del Movimiento obrero. Algorta 1970, 3 vols.
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